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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Deu Pra Ti Baixo Astral, Vou Pra Porto Alegre Tchau

Ao fim dos anos 70 o Brasil começava a encaminhar o epílogo do Regime Militar, no comando do poder desde 1964. Os gaúchos, que sempre tivemos algum relevo no cenário político nacional, empolgávamos o país com a alegria da canção de Kleiton e Kledir, contando as coisas positivas de vir pra Capital Gaúcha, mesmo para os que não são daqui como a dupla, que veio de Pelotas. Nessa época a esquerda brasileira tentava unir seu maior contigente histórico em torno da construção de um partido novo, agregando as tendências que sempre digladiavam entre si, atrapalhando o projeto de um governo socialista: era o início do Partido dos Trabalhadores.

Ainda não havia eleições diretas para governador, prefeito das capitais, cidades tidas como de segurança nacional, bem como estâncias hidro-minerais. Presidente da República nem pensar. Isto só veio com a pressão do povo nas ruas durante a campanha que ficou conhecida como Diretas Já e da votação da emenda parlamentar do deputado Dante de Oliveira no Congresso, restabelecendo eleições diretas em todos os níveis. Menos para Presidente.

Grandes nomes da política banidos pelo Regime Militar, aproveitam a proclamação da anistia para retornar. O partido que agregava a oposição era o MDB e um de seus principais líderes históricos, Pedro Simon vai a Nova Iorque se encontrar com Leonel Brizola, tentando o convencer da importância da união das oposições naquele momento. Os caudilhos gaúchos não entram em acordo e ambos voltam a Porto Alegre. Um para onde morava e o outro depois do mais longo exílio que um cidadão brasileiro já sofreu na história. Assim Brizola voltava para a cidade de onde comandou a Campanha da Legalidade, quando governador e da qual foi prefeito. Entrou no país por São Borja e veio a Porto Alegre, onde sentiu-se tão acarinhado que se encheu de energia e seguiu direto para o Rio, querendo reconstruir o trabalhismo. Se deu mal, pois o artífice dos militares, Golbery do Couto e Silva tinha armado uma arapuca, passando a sigla histórica para as mãos de Ivete Vargas. Triste, com ar de derrotado, aos prantos, enfiou a viola no saco e veio pra Porto Alegre. Tchau ilusão de conquistar o Brasil. Na Capital Gaúcha renovou as energias, reencontrou seu furor cívico e construiu um novo partido, com aquele brilho nos olhos que era uma de suas marcas.

Lula andou cabisbaixo neste janeiro. Sentiu que o cerco apertou sobre si e que seus advogados estão prestes a jogar a toalha e tentar acordos para diminuir as penas a que está condenado. Seu último discurso em SP, antes do julgamento dos recursos que tentam impedir sua prisão, pelo TRF4, deixou nítido o baixo astral daquele que já foi considerado “O Cara”. O que fizeram os amigos do ex-Presidente? Enfiaram mais de mil soldados do partido e da CUT em uma caravana e mandaram que a claque rumasse a Porto Alegre. Ato contínuo convenceram o sindicalista do ABC que ele devia mudar de ideia e ir à Capital Gaúcha. Sim, ele desistira de vir ao sul. Estava embarcando pra Etiópia.


Chegou aqui, viu algumas dezenas de correligionários que o foram esperar no aeroporto Salgado Filho, foi colocado em uma viatura com escolta policial e conduzido pelas ruas sujas e esburacadas da cidade até o mal cheiroso e fétido Centro Histórico, onde o grosso da claque o aguardava para um comício. Foi uma boa tentativa de Lula, mas o baixo astral agora faz morada em nossa cidade. E com certeza a culpa não é de Kleiton, Kledir e sua canção. Deu pra ti alto astral, pra Porto Alegre você disse tchau. E Lula vai pra Adis Abeba ainda mais deprê do que aqui chegou.

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