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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Mais do Mesmo

    Desde o fim dos governos militares e a consequente democratização do regime brasileiro, assistimos a um número inacreditável de políticas dirigidas à desconstrução de imagens e ao assassinato de reputações. O caso mais clássico foi o "FORA FHC: FORA FMI". Só quem não viveu os anos 90 não lembra desta frase, pichada em muros de todo território nacional e palavra de ordem em 10 entre 10 manifestações públicas. Pois bem; quem patrocinou esta cultura terminou por chegar ao poder e, como primeira medida de governo, correu ao FMI para pagar o que se devia, justo eles que sempre pregaram a ruptura. Além de apregoarem o "FORA FHC", tentaram com todas suas forças o impeachment de Itamar Franco e até antes, conseguindo o de Collor. Agora dizem que impeachment é golpe. Uma demonstração nítida de que falam uma coisa e praticam outra. Quem quiser que acredite.

    Ontem o Brasil assistiu, durante o almoço, um ex-Presidente da República, justamente aquele que sofreu impeachment mesmo após ter renunciado, usar da mesma prática. O atual senador Fernando Collor, usar da mesma prática na tentativa de assassinar a reputação de seu algoz, o Procurador da República Rodrigo Janot, que foi sabatinado pelo Senado visando sua recondução a mais um período no comando da Procuradoria Geral da República. Na tentativa de instaurar a cizânia entre seus pares, o senador das Alagoas usou farta documentação para macular a imagem de Janot tentando fazer dele alguém com práticas semelhantes às que abreviaram o mandato presidencial. Em suma: acusou o Procurador daquilo que todos sabemos ser o ex-Presidente, um salafrário. Não colou e Janot foi reconduzido à PGR.

    Neste mesmo momento, as redes sociais são infestadas por "denúncias" que desabonam e tentam arrastar para o mesmo valhacouto enlameado onde Collor tentou colocar Janot, o atual Presidente do Congresso, deputado Eduardo Cunha. Pelo único e simples motivo que este colocou-se em rota de colisão com a quadrilha que ocupa o Palácio do Planalto e governa o país. Cunha é um político de reputação ilibada e caracter sem jaça? Tanto quanto Janot, é provável que não, assim como praticamente todo os que ocupam cargos políticos em nosso país. Agora, mesmo desconfiando da idoneidade do Procurador da República, alguém que não esteja entre os perseguidos por ele é capaz de lutar para que o Ministério Público abandone as investigações abertas? Uma delas é contra o Presidente da Câmara e tem claro viés persecutório, mas o Brasil precisa saber se Cunha é, ou não culpado pelo pretenso crime que surgiu do nada via uma "delação premiada", destas que até a Presidenta acusa ser tão eivada de crédito quanto uma confissão arrancada sob tortura. Assim sendo, não se assustem com o espetáculo pirotécnico que será protagonizado pelos soldadinhos virtuais da quadrilha que governa o país, na tentativa de enxovalhar a reputação de Eduardo Cunha pelo próximos dias. É mais do mesmo, que já estamos fartos de ver. É o bandido acusando de vilão a outrem, de fazer aquilo que ele próprio faz.

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